Caros moradores e amigos do Condomínio Aquarelle,
Como muitos de vocês sabem, nós, Telmo Guerra e Renato Sérgio, participamos recentemente das eleições para síndico e subsíndico de nosso condomínio, movidos por um desejo genuíno de contribuir para melhorias que todos nós, moradores efetivamente presentes no dia a dia da nossa comunidade, consideramos necessárias.
O resultado da eleição, apesar de formalmente válido, revela um fenômeno que merece nossa reflexão coletiva: mais uma vez, a vontade expressa pela maioria dos moradores presentes foi suplantada por votos via procuração. Nossa chapa recebeu 75 votos de condôminos que compareceram pessoalmente à assembleia, enquanto a chapa vencedora, de Suzete, obteve 81 votos — mas destes, impressionantes 36 foram por meio de procurações (44% do total).
Não escrevemos estas linhas movidos por ressentimento pessoal ou para questionar a legalidade do processo. O que nos motiva é uma preocupação genuína com os fundamentos da democracia em nossa comunidade. Como podemos garantir que nosso condomínio seja gerido conforme os interesses reais daqueles que aqui vivem e participam ativamente, quando quase metade dos votos vencedores provém de pessoas que não estiveram presentes para debater propostas ou compreender as necessidades coletivas?
Este não é um caso isolado no Aquarelle. Chegamos ao quarto mandato consecutivo determinado por um padrão semelhante: vitórias asseguradas principalmente por procurações, em detrimento da vontade majoritária dos presentes. Esta prática, embora legal, levanta questões éticas importantes sobre representatividade e legitimidade.
Precisamos nos perguntar:
- Quem realmente detém o poder de decisão sobre as dezenas de procurações?
- Como são obtidas estas autorizações?
- Os outorgantes estão plenamente informados sobre as propostas em jogo?
- É justo que moradores ausentes, muitas vezes investidores que nem residem no condomínio, tenham tanto peso nas decisões que afetarão primordialmente a vida dos que aqui habitam?
O que defendo não é a eliminação das procurações – reconheço que são instrumentos legítimos para garantir a participação daqueles que, por motivos justificáveis, não podem comparecer. O que proponho é uma reflexão séria sobre limites razoáveis para seu uso, evitando distorções no processo democrático.
Acreditamos firmemente que a gestão condominial deve refletir, acima de tudo, a vontade daqueles que vivenciam diariamente esta comunidade. Nossa convenção e regimento interno precisam ser atualizados para estabelecer um equilíbrio mais justo entre o direito à representação por procuração e a preservação da essência democrática nas decisões coletivas.
Estamos abertos ao diálogo construtivo com todos os moradores – inclusive com a atual gestão – para buscarmos juntos uma solução que fortaleça nossa democracia condominial e assegure que as decisões sejam tomadas primordialmente por aqueles que fazem do Aquarelle seu lar.
Mesmo não tendo sido eleitos, nosso compromisso com o bem-estar desta comunidade permanece inabalável. Continuaremos trabalhando, agora como moradores participativos, para que o Aquarelle seja um lugar onde a vontade coletiva genuína prevaleça sobre mecanismos que, embora formalmente corretos, podem distorcer a verdadeira representação democrática.
Contamos com a reflexão e o apoio de todos.
Atenciosamente,
Telmo Guerra e Renato Sérgio
Moradores do Condomínio Aquarelle